Não bastasse a catástrofe de Jó ter perdido tudo o que possuía (Ver
quadro no texto “Jó: Desafio de Satanás”), ainda precisou enfrentar a rejeição
e o afastamento físico e emocional de todos aqueles que ele estimava: seus
parentes e amigos, servos e clientes, mulher e irmãos (Jó 19:14-17), como se
suas calamidades fossem contagiosas.
Até mesmo a única sobrevivente da sua família pessoal o desprezava: “minha
mulher acha repugnante o meu hálito”, lamenta Jó. Seus irmãos sentiam nojo dele
(Jó 19:17). Jó ficou completamente sozinho em sua dor e agonia.
Apesar de tanta dor e sofrimento, Jó permaneceu fiel a Deus, porque
sabia que seu “redentor vive” (Jó: 19:25). A presença de Deus era tão penetrante na vida
de Jó, que mesmo avariada, arruinada e sua saúde
completamente debilitada, ele pedia a remissão daqueles que o abandonaram.
Jó chegou a se queixar do trato de Deus (Jó 16:1-22), ele se sentia abandonado, nada mais esperava desta vida (Jó 17:1-16), mas depois se concentra
em Deus e passa a falar sobre a fidelidade divina.
Parece que estamos falando das nossas próprias dores, quando lemos sobre
o sofrimento de Jó e percebemos como é difícil, quando no meio de
circunstâncias dolorosas e de profunda aflição, aqueles de quem esperamos apoio
e palavras de esperanças se afastam e, se quer, tomam conhecimento do nosso
desespero profundo e dor emocional.
Muitas vezes a dor emocional e o desespero profundo são interpretados
incorretamente por outras pessoas. A tristeza de Jó se tornou mais difícil de
suportar, porque seus amigos não o compreenderam. Esse desapontamento deve ser
colocado “perante o Senhor” (1 Sm 1:15), pois Cristo “tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is 53:4; Mt 8:17) e Jó entendia isso.
Jó estava sofrendo, mas sua dor não era compreendida. A experiência de Jó nos revela que a dor só pode ser
compartilhada com pessoas (parentes ou amigos) que saibam ouvir e apoiar, como consolou Eli a Ana (1 Sm 1:17), e que sejam de confiança e fiéis de espírito
(Pv 11:13). Paulo já nos revelava que os filhos de Deus devem levar “as cargas
uns dos outros” (Gl 6:2). Esse apoio traz esperança e alivia a tristeza (1Sm
1:18) e que as palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 15:13) se transformem
em uma verdadeira oração para os aflitos e amargurados.
Mas, quando tudo parece estar sendo conduzido ao fundo do poço e ninguém
parece ouvir ou se importar com nossos apelos, ainda podemos dizer a Deus: “Eu
o verei com meus próprios olhos; eu mesmo, e não outro! Como anseia no meu
peito o coração” (Jó 19:27).
Por: Paulo Sávio Lopes da Gama Alves
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