terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Abraão: Um homem orientado pela fé

Concluímos a leitura do livro de Jó e percebemos três características principais no caráter de Jó:
  1.      Irrepreensível;
  2.      Íntegro;
  3.      Homem que teme a Deus; e
  4.      Evita o mal.
Não existem evidencias que possam assegurar a verdadeira época em que viveu Jó, entretanto, pelas características do seu modo de vida e a sua longevidade, acredita-se que Jó tenha vivido na época dos patriarcas e que tenha sido contemporâneo de Abraão ao final da sua vida (cf. Edward Reese).
*2.027 a.C.     >>>>
  JÓ
<<<<

+1.827 a.C.
*1.967 .C. 
>>> 
Abraão
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+1.792
Apesar de ser um homem que suportou com paciência todas as suas provações, indicando a presença do Espírito de Deus em sua vida (ver: “Jó: Uma Graça com dor”), Jó não fora relacionado na galeria dos homens de fé (Hb 11), talvez porque tenha vacilado na sua dor (ver: “Quando os mais próximos se afastam”).
Agora, iniciaremos a história do baluarte da fé, do verdadeiro pai da fé, daquele que teve seu nome enaltecido na galeria dos homens de fé (Hb 11), daquele que o apóstolo Paulo descreveu como “o pai de todos os que creem” (Rm 4:11). O próprio Deus o chamou de “Abraão, meu amigo” (Is 41:8).
Nenhum outro nome do Antigo Testamento brilha mais do que o de Abraão. Além dessa singular qualidade, podemos dizer que Abraão também é o verdadeiro pai dos hebreus (ver: “Árvore genealógica de Abraão”) e um dos remanescentes fieis (ver quadro: Remanescente fiel).
O remanescente fiel
Remanescente
Circunstância
Referência
Noé
A maldade havia se multiplicado na terra inteira
Gn 6:5-8
Abraão
Sua terra natal estava entregue à idolatria
Gn 12:1-4
Isaque
Viveu entre os cananeus que adoravam falsos deuses
Gn 24:3-4
Jacó
Viveu em uma terra repleta de cananeus e ferezeus hostis
Gn 34:30
José
Era o único adorador de Deus no Egito
Gn 41:16
Quem foi esse maravilhoso homem que deixou sua terra natal sob o comando de Deus, sem se quer perguntar qual o caminho? E porque Deus prometeu abençoar o mundo todo por meio dele? (Ver quadro: As Alianças de Gênesis).
Deus deu uma ordem incomum a Abraão (na época ainda usava o nome de Abrão), “saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei! (Gn 12:1). Abraão partiu da sua terra e parentela, instruindo sua esposa Sara (na época ainda usava o nome Sarai) e sua família (Terá, seu pai e Ló, seu sobrinho), juntamente com todo o seu imenso patrimônio rumo a Canaã, sem pedir qualquer orientação adicional a Deus e “Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor” (Gn 12:4;Hb 11:8).
As Alianças de Gênesis
Aliança
Condições
Referência
No Édem
Deus: Provê todas as necessidades humanas
Gn 2:15-17
Humanidade: Proibida de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal
Com Adão
Deus: Promete o Messias
Gn 3:14-21
Humanidade: Sem exigências, mas sofreria as consequencias do pecado até a vinda do messias
Com Noé
Deus: Promete não destruir a terra com dilúvio novamente
Gn 9:1-19
Humanidade: Sem exigências.
Sinal: O arco-íris (ver 12-13)
Com Abraão
Deus: Promete fazer uma poderosa nação dos descendentes de Abraão e dar-lhes a terra de Canaã
Gn 15:3-21
Abraão: Andaria diante de Deus sem culpa. (Gn 17:1-2)
Sinal: Circuncisão (ver Gn 17:10-14)
Abraão saiu de Harã aos 75 anos de idade mediante a ordem de Deus e sob uma promessa que continua a abençoar e moldar o mundo hoje:
"Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma benção.
Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados" (Gn 12:2-3)." 
 Certamente Abraão não entendeu, porque sua mulher era estéril (Gn 11:30), mas confiou (Gn 15:6) na promessa de Deus, de que seus descendentes se tornariam tão numerosos quanto as estrelas do céu noturno. Dessa forma, Abraão ficou conhecido como aquele que depositou todo o seu futuro nas promessas do Senhor. Abraão estava absolutamente convencido de que Deus era suficientemente poderoso para cumprir com o que prometeu (Rm: 4:21).
Essa confiança, essa fé inabalável, essa convicção no poder de Deus, tornou Abraão um homem perfeito? Será que ele se desviou da vontade de Deus? Certamente que sim. Apesar de sua inabalável fé, Abraão era um ser humano, sujeito aos desvios que todos nós estamos sujeitos, por conta de nossa natureza pecaminosa. Prova disso está no fato de que Abraão mentiu duas vezes a Faraó, ao chegar ao Egito, com a conivência de Sara, com medo de que fosse morto ao descobrirem que era esposo de Sara, sua mulher - muito bonita e formosa (Gn 12:10-20; 20:1-18).
Outra situação que demonstra o lado humano e pecaminoso de Abraão e sua esposa aconteceu dez anos depois, desta vez, sob a direção de Sara e com a conivência de Abraão, pois Sara, percebendo que não vinha o filho prometido por Deus, resolveu “dar uma mãozinha para Deus” e consentiu que seu esposo se deitasse com sua serva chamada Hagar. O destino lhe trouxe uma conseqüência que nos aflige até os dias de hoje (ver: “entendendo o problema da Palestina), pois Hagar deu à luz nove meses depois a Ismael, o primogênito de Abraão.
Certamente esse descuido de Abraão e a falta de fé de sua esposa, que promoveu o nascimento de Ismael, não estavam nos planos de Deus (Gn 16 1:16). Mesmo assim, 14 anos mais tarde, Deus concede a Graça a Sara, de conceber o filho prometido, talvez, pelo exemplo de esposa que foi Sara.
Sara é marcada por duas características notáveis: Mulher muito bonita, mas estéril. Indiscutivelmente ela tinha beleza, brilho e criatividade, mas a grande qualidade que marcou essa mulher foi a sua total e exclusiva devoção a Abraão. Sara não compartilhou somente dos desafios que enfrentou junto com seu marido nas caravanas que os levariam a terra prometida, mas também dos seus sonhos e bênçãos.
Sara não titubeou diante das decisões tomadas pelo seu marido, decisões certas ou erradas, nas adversidades da jornada ou nas bênçãos alcançadas, na juventude e na velhice, sendo, indiscutivelmente, um belo exemplo de mulher que amou ao seu marido firme e incondicionalmente. Sara é a única mulher relacionada entre os heróis da fé (Hb 11:11). Mesmo tendo pecado e variado seus sentimentos, Deus manteve fielmente a promessa de que Sara seria a mãe de muitas nações (Gn 17:16).
Essa é uma história que está apenas no seu começo e muitas emoções estão reservadas na vida e na descendência desse amigo de Deus – Abraão!

Por: Paulo Sávio Lopes da Gama Alves

3 comentários:

  1. Realmente em cada nova leitura, descobrimos mais sobre os nossos antepassados e entendemos melhor tantas coisas atuais que são reflexos dede coisas que aconteceram há muito tempo atrás e sequer imaginávamos!

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  2. Palavra | Pastor Sérgio Fernandes

    Gênesis 17:1 - ¶ Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.

    O chamado que recebemos de Deus deve ser acolhido com temor e responsabilidade. Em Gênesis 16, Abrão desliza em sua lealdade a promessa, ao tentar realizar pelo seu próprio esforço o que o Eterno havia lhe prometido. Em Gênesis 17, veio a repreensão: “Eu sou o Deus Todo Poderoso, anda na minha presença e seja perfeito” (vv.1). A palavra era corretiva: “eu não preciso de sua ajuda! Apenas ande comigo e tenha uma fé perfeita, quem realizará a promessa sou eu”. A aliança é renovada, uma nova palavra é liberada, mas a correção de Deus ressoa até nossos dias: “seja perfeito”.

    A graça que salva é a mesma graça que educa (Tt 2.11,12). Quem foi inserido no corpo de Cristo viverá na dimensão do reino, submetendo-se a Jesus como Seu Senhor e aceitando a sua doutrina! Uma graça que não nos transforma é desgraça disfarçada! A eleição deve ser confirmada por uma vida de contínuo aprendizado e santificação (2 Pedro 1.10). Sem cair no erro do moralismo, a graça nos levará a sermos cada dia mais amorosos, dependentes e consagrados aos propósitos divinos.

    Gênesis 17 não me deixa permanecer inerte em meu crescimento espiritual. Quero me submeter cada dia mais a um Deus que, embora não precise de mim, me chamou graciosamente a viver em Sua presença!

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  3. Palavra | Pastor Sérgio Fernandes

    Gênesis 18:1 - ¶ Depois apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia.

    A vida de quem é da fé será marcada por um relacionamento íntimo e pessoal com Deus. Não confunda essa minha fala com o misticismo religioso que inundou muitas comunidades cristãs. Conheço diversos cristãos piedosos que nunca tiveram alguma visão ou revelação sobrenatural. E conheço também muitas “latas vazias” que se sentem a quarta pessoa da Trindade, alegando falar e ouvir a Deus constantemente. Em Gênesis 18, vemos Abraão recebendo a visita do próprio Deus, acompanhado por dois anjos. Chamamos isso de teofania. O propósito desse encontro era revelar a Abraão o que Ele estava para realizar: (1) o nascimento de Isaque se daria um ano após esse encontro e (2) a eminente destruição de Sodoma e Gomorra, que colocaria a família de Ló em risco.

    Deus nos fez saber seus propósitos através da Escritura. O cristão sabe exatamente de onde veio, onde está e para onde vai. Pela mensagem viva e tão clara que pode ser lida na Bíblia Sagrada, compreendemos o que o Pai está fazendo no mundo, o que Ele fará em nós e através de nós (apesar de nós). Esse conhecimento nos torna humildes, agradecidos e dependentes, acendendo em nosso coração a chama por uma vida virtuosa e frutífera. Graças damos a Deus pelo dom da Escritura, pelo privilégio de conhecermos o que Ele nos revelou tão claramente no texto sagrado.

    Gênesis 18 me recorda que Deus tem me chamado a experimentar um relacionamento íntimo e profundo com Ele, e que Ele falará claramente ao meu coração por intermédio das Escrituras Sagradas.

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